segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Berço

Ele jaz no berço
Dormindo calmamente
A respiração calma e tranquila
Criança que descansa
Sonha com um mundo inocente
Ao crescer irá sofrer
Verá que este belo mundo
É composto de ódio e raiva
Guerras e doenças
A liberdade
Perdeu-se há muito tempo atrás
Nenhum deus para te proteger
Apenas o mundo e você
A morte se prende ao calcanhar
Diminui o teu passo
Tu ó criança do mundo
Perderá tua vivacidade
Conforme avança a idade
Será puxada para baixo
Curvando-se sobre teu corpo
Cada vez mais próximo do chão
Rumo ao buraco que lhe aguarda
Que abrigará teus restos mortais

domingo, 20 de dezembro de 2009

Para você Mário, meu amor

Escrevo estes versos para um homem indescritível,
aquele que me ergue no momento mais terrível;
Aquele com o qual converso sobre nada e sobre tudo;
Aquele que guardado está no meu coração, em um
recanto demasiado profundo.
Inicialmente eu não apreciava a evolução do nosso enlançe;
Lágrimas o fiz derramar, seu coração eu pus a desabar...
Felizmente, por pouco tempo foi;
Tempo tal, que nem para todos é igual;
Creio que para ele o tempo durou uma eternidade
que o fez sofrer sem piedade ter.
No meu próprio tempo, percebi a falta que ele me faz,
a dor que em mim ele desfaz;
Definitivamente é o homem no qual encontro minha paz!
Muito além das proporções do tempo e do espaço em que vivemos;
Muito além da imensidão cósmica;
Muito além da minha própria felicidade.
Meu amor por ele a nada pode se equiparar, pois
cujo está em uma escala além da vida e da morte.
E não é como a porcelana, muito menos como o vidro,
porém pode provocar um corte.
Pode até ser como o aço - que muito é exaltado pelo
ManOwar - que como nosso amor, é fortíssimo, muito forte.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Destruindo Paradigmas

A globalização, um processo que ocorre no mundo atual e que vem sendo tão discutido pela grande maioria das pessoas. Aspectos positivos e negativos. Nesta sociedade que se encontra sempre em transformações, em que situações ficam as grandes instituições, as famílias, a Igreja e o Estado? Com os valores morais sofrendo alterações constantes muitas vezes é difícil entender o que é certo ou errado. Entre os principais conflitos e desafios que aparecem em nossa sociedade, temos os casamentos entre as pessoas do mesmo sexo, avanços da engenharia genética, eutanásia, pena de morte, fundamentalismo religioso, efeito estufa, corrupção. Vamos fazer uma breve reflexão sobre todos esses assuntos, antes de qualquer coisa, é importante que saiba, que existem bilhões de pessoas no mundo, cada uma com uma opinião diferente sobre os mais variados assuntos. Assim basta o respeito e compreensão para que todos expressem suas opiniões sem apelarem para a irracionalidade grotesca que tanto tem aparecido nesta nossa sociedade insana.

Para começar uma discussão sobre valores e ética, creio que eu poderia iniciar com o aforismo (um tanto irônico) de Bernard Shaw: “Não faça aos outros aquilo que gostaria que fizessem a ti. Eles podem não ter o mesmo gosto”. Valores éticos, o que é certo e o que é errado? O certo e o errado são tão relativos quanto o tempo. As pessoas sempre procuram conceitos absolutos, no entanto, nenhum conceito possui tais características. Certo e errado são conceitos em constantes modificações, sempre que o conhecimento cientifico ou filosófico avança, ocorrem alterações nestes conceitos.

Vamos então seguindo por partes os assuntos citados, começando com as “grandes instituições”. Entre família, Igreja e Estado, a família é a mais importante, ainda assim, existem muitas pessoas que nunca conheceram suas famílias nem por isso foram pessoas piores do que outras. A ausência desta instituição pode parecer a mais assustadora, incluindo-se na família até mesmo os amigos. Tais fatos também estão relacionados ao tipo de família que uma pessoa poderá ter. Pois se a educação vem de casa, infelizmente nem sempre as pessoas podem contar com a família como uma fonte de amparo, conforto e educação. E isso não é de agora. A mediocridade sempre abundou em toda grande civilização. Todas as civilizações sempre tiveram sua ascensão, seu momento glorioso e sua queda, o mesmo poderá acontecer com nossa sociedade global.

Quanto a Igreja e o Estado, será que realmente são necessários? Como diria Napoleão Bonaparte, um grande ex-representante do Estado francês: “A religião é uma ótima ferramenta para deixar as pessoas comuns quietas”. Percebe-se, neste caso, que existe há muito tempo uma utilização mútua entre Estado e Igreja para fins de governar as massas sociais. Mesmo que muitas vezes tente-se manter a laicidade estatal, esta em muitos Estados, como o Brasil, parece ser apenas mera ilusão de uma palavra escrita no papel. Os momentos de inexistência da Igreja e do Estado estão tão distantes no passado da humanidade que as pessoas temem sua inexistência, da mesma forma que temem o desconhecido. Vamos um pouco mais longe nessa reflexão sobre as instituições, usemos o Império Romano como exemplo. Neste império é que foi criada a instituição chamada Igreja, ou seja, a Igreja foi criada para servir aos interesses do Estado. Desde as remotas civilizações os governantes sabem da utilidade da religião para controle de um povo. O politeísmo causava muitas intrigas dentro do Estado, causando muitos incômodos para os governantes, pois diferentes seitas de diferentes deuses estavam sempre entrando em conflito. Assim durante o reinado do imperador Constantino, por volta de 300 d.C., ele decidiu unificar as coisas, um mesmo Estado, um mesmo povo e uma mesma religião, sob o manto de um único deus. Nessa ocasião também ocorreram alguns concílios da Igreja, no qual foram definidos quais livros iriam compor a bíblia, afinal somente de evangelhos existiam centenas, foi necessário escolher os mais parecidos e os que atendessem às necessidades do Estado.

Começava a surgir o monoteísmo estatal. Mas não é fácil converter as pessoas para uma nova crença, elas se apegam demais a estas frivolidades imateriais, foi então que o império inseriu em sua religião muitos aspectos de diversas culturas pagãs que existiam em seus territórios. Começava a se formar o cristianismo. Que pelo nome se refere ao mito de Jesus, sua história de vida foi moldada copiando a de diversos deuses “pagãos” de um período anterior em até milhares de anos ao da suposta existência de Cristo. Alguns destes deuses que serviram de fonte para o plágio são: Hórus, Átis, Apolo, Mitra, Krishna, etc. Destas cópias também surgem as explicações para muitos eventos atuais, como por exemplo, os dias da semana: Domingo (Sunday: dia do Sol, em que se rezava ao deus Sol), Segunda-feira (Monday: dia da Lua) e por ai vai, ou a celebração de Páscoa e Natal, justamente nos dias de Equinócio e Solstício, em que as culturas “pagãs” celebravam a chegada da primavera e de suas colheitas. É muito mais fácil governar pessoas que pensem de forma semelhante e que não fiquem brigando entre si. É mais fácil guiar um rebanho unido do que um disperso. Assim, da instituição Estado, teve início a formação da instituição Igreja.

Já se percebe nesta parte que os atos históricos condenam, tanto a Igreja como o Estado, no que se refere à utilização destes como possíveis fontes de “certo” e “errado”. A base do certo e do errado, sua mais profunda fundação está na percepção de que nossos atos podem ocasionar sofrimento aos outros seres. Enquanto ainda estamos agindo na luz de nossas consciências percebemos no olhar das pessoas, em suas expressões faciais, quando elas demonstram tristeza ou felicidade. É este sentimento, este instinto, impregnado no âmago de nossas conexões neurais, que cria a base da moralidade, do certo e do errado. É nossa percepção de que nossos atos podem prejudicar ou não algum ser que eventualmente tenha similaridade genética conosco.

Novos valores morais estão sempre surgindo, a humanidade anseia para que tudo seja estático, que tudo permaneça do jeito que está. Basta um olhar leigo para o mundo e para a história da humanidade para perceber que tudo é dinâmico. Sempre estão ocorrendo modificações, ciclos e alterações. Ou seja, criar uma barreira para tentar impedir alterações só prejudicará ainda mais a situação. É, pois, necessário guiar de forma correta, criando orientações que visem determinar o que vem a ser mais certo para as massas, mas também para a liberdade individual. Ambas estas liberdades devem ser respeitadas, a coletiva e a individual. Se você não possuir um pouco de individualidade, você será apenas mais um indivíduo perdido na plebe. Da mesma forma que se tu permanecerdes somente na individualidade, não conseguirás se relacionar com os demais indivíduos que compõe a plebe. Adapte-se ou morra.

Se as pessoas do mesmo sexo querem casar, elas que casem! Além do mais, o que é o casamento? Casamento não impede que homens e mulheres traiam uns aos outros e assim acabem com toda a estrutura de suas famílias e transformem a vida de seus filhos em um inferno. Se duas pessoas tomam a decisão de passar o resto de suas vidas juntas, não é uma assinatura no papel ou um pedaço de metal no dedo que irá manter esta relação. Um casamento é mantido pelo respeito mútuo do casal, pelas conversas, pelos momentos vivenciados juntos, pela construção de ideais e sonhos em conjunto. Existem muitas pessoas que se casam na lei, e até perante “os olhos de deus”, e ainda assim ficam traindo umas às outras numa completa falta de respeito para com seu cônjuge e sua prole. Ou seja, nem a Igreja e o Estado, conseguiram manter neste indivíduo alguma ética e moral de respeito para com o cônjuge. Isso já vem de antes do casamento, se um indivíduo fica traindo sua namorada com outras mulheres, não é o casamento que irá impedi-lo de cometer tais atos hediondos. O maior número de divórcios ocorre entre pessoas religiosas, assim como os países mais violentos são os mais religiosos. Moral e ética são originadas de profundas reflexões filosóficas, pela busca da compreensão e do respeito, de não causar mal para quem nós amamos e para quem nós não conhecemos.

A engenharia genética, tão mal compreendida devido ao analfabetismo científico que tanto abunda nesta nossa sociedade insana. Por que não usar seus benefícios? Produzamos alimentos transgênicos para garantir o futuro de bilhões de pessoas que vivem neste planeta. Existem três opções: usar transgênicos, aumentando a produtividade alimentícia, desmatar mais áreas florestais ou fazer um controle populacional extremamente rígido. Eu preferiria fazer as pessoas pararem de ter filhos, claro que muitos tem seus sonhozinhos de serem mamães e papais. Ou fazemos isso, ou não haverá futuro para a prole originada destes sonhos. Controlando a população acabamos também por resolver quase todos os problemas relacionados ao meio ambiente. A humanidade cresceu demais e isso tem ocasionado muitos problemas para todos. E justamente esse excesso de pessoas poderá trazer o colapso de nossas estruturas sociais. Muitas pessoas e recursos escassos, guerras e mortes ocorrerão em abundância.

Eutanásia, morte assistida, pena de morte... São questões que devem ser analisadas em casos individuais, não sendo possível extrapolar estas reflexões para o todo. Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa a não ser em casos extremos. Da mesma forma que, como diria Nietzsche: “ninguém tem o direito de tirar o direito de morte do suicida”. Todo indivíduo é ao mesmo tempo único e descartável. É especial e refutável. Uma pessoa que está em estado vegetativo, deve ser morta ou ficar viva? Isso dependerá do quão grave são as lesões e o estado em que ela se encontra. Da mesma forma que será uma decisão de seus familiares, colocando numa balança os pesos do sofrimento emocional e da esperança. Assim também um assassino, ele deve ser morto por seu crime? Ele nasce assassino ou é a sociedade pútrida e decadente que gera os assassinos? Muito do caráter das pessoas é moldado pelo ambiente em que elas vivem. Situações extremas criam pessoas que agem de forma extrema. Em alguns casos e na grande maioria, a crueldade e a violência já são inatas, faz parte da natureza humana. É o animal selvagem que tentamos esconder por debaixo de nossas roupas.

O fundamentalismo religioso, John Lennon já dizia em sua música “Imagine”, para imaginarmos um mundo sem religiões. Imaginemos um mundo sem os atentados terroristas, sem as eternas guerras no Oriente Médio, sem as mortes entre católicos e protestantes na Irlanda, sem a destruição de todas as culturas indígenas do mundo ocasionadas pelos jesuítas, sem as Cruzadas, sem os milhares de torturados e mortos pela Santa Inquisição (crianças, jovens, adultos e idosos), em conseqüência sem o Malleus Maleficarum, sem a defesa da escravidão (afinal a bíblia defende a escravidão, até ensina como surrar um escravo sem matar, e a igreja soube se aproveitar disso, na verdade uma das primeiras exportações de escravos africanos foi organizada pelos missionários cristãos, entre 1344 e 1500, quando o bispo De Las Casas percebeu que os indígenas americanos não serviam para o trabalho escravo). Houve também milhões de mortes entre diferentes seitas cristãs que surgiram e se extinguiram até que fosse estabelecida uma igreja estatal rígida, foram 2 mil anos de mortes em nome de um ser imaginário.

O efeito estufa, todos dizem: “salvem o planeta, salvem o meio ambiente”. Adaptemos as palavras de George Carlin, grande crítico e comediante, “o planeta já está aqui há milhões de anos, já passou por coisas muito piores, eras do gelo, meteoros, aquecimentos e afins”. A questão é que o universo é dinâmico, somente após uma compreensão da teoria do caos, tem-se a percepção para entender os padrões que surgem no caos. Tudo no universo está sempre se modificando. Assim como o clima, este, é regido pelo caos (como tudo no universo), entretanto, dentro deste caos surgem padrões, estes padrões são o que nós interpretamos erroneamente como “estabilidade”. Os padrões caóticos do clima possuem ciclos de 10.000-20.000 anos. E esta também é a média que nossas previsões climáticas alcançam, além deste período as coisas se tornam aleatórias. Mesmo se colocássemos sensores a cada 30 cm ao longo de toda a atmosfera, ainda assim não conseguiríamos fazer previsões do tempo e climáticas perfeitas. O homem está influenciando o meio ambiente? Sim, está, mas ele pode não ser o único fator.

A corrupção, este mal que tanto abunda nas pessoas. Não é de agora que ele é se faz presente, assim como muitos outros males. É somente agora que a mídia viu que poderia vender jornais com tal assunto. Este mal já está presente entre os homens desde os primórdios da civilização. Todos sempre querem mais poder e mais dinheiro, porque todos possuem alguma forma de egoísmo em seu interior, todos possuem algum desejo instalado nas profundezas de seus pensamentos. E até o indivíduo mais justo pode se deixar levar pela corrupção quando a necessidade toma conta de algum aspecto de sua vida. Os homens são seres gananciosos, quanto mais possuem mais querem ter. É isso que mantém as rodas do capitalismo sempre girando.

Nos mais variados assuntos, cada um tem sua opinião sobre o que é certo ou errado. É por isso que o Estado cria leis, apesar de elas nem sempre serem o suficiente para manter uma sociedade adequada no que se refere a algum conceito comum de moralidade. Baseado nisso, tenta-se fazer com que a população tenha o maior número possível de opiniões de acordo com os interesses do Estado ou da Igreja. Para que assim o Estado possa realmente governar o povo. Se as pessoas perdem a sua liberdade individual, se deixam de ser desencontradas, elas acabam por perder as suas próprias personalidades. A liberdade individual não é oposta à liberdade coletiva, afinal, como já dizia Mikhail Bakunin: “a liberdade do outro estende a minha ao infinito”, ou seja, devemos manter nossa individualidade, e, respeitando a liberdade individual das outras pessoas, estaremos aumentando as nossas e criando uma liberdade coletiva que não precisa ser baseada em gostos comuns, mas sim no mútuo respeito.

“Eu não me curvo perante nenhum dos seus ídolos em obediência, e aquele que disser que você precisa se curvar a mim é o meu inimigo mortal!”
O Livro de Satan, I, da Bíblia Satânica – LaVey

“Existe uma chave para a liberdade: Pense! Se quiseres ser um cordeiro, seja feita a tua vontade. Não reclames, entretanto, quando fores servido em nosso grande Sabbath!”
Dito pagão, do século XX

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Morte da Honra

Neste mundo depravado
Em que o papel
E o metal
Valem mais do que palavras
Nenhuma honra
Mantém-se através dos lábios
Foi-se o tempo
Em que a honra era válida
Hoje ninguém a mantém
A palavra foi desvalorizada
A materialidade é reinante
A traição é constante
Corrupção torturante
Mundo que se desfaz
Sociedade que não volta atrás
Que bem isso faz?
Futuro obscuro é o que traz

Para acompanhar... Amon Amarth - Death in Fire!

domingo, 29 de novembro de 2009

Teu fim

Quem sou eu?
E quem é você?
Desta realidade
Que perdeu seu toque imaculado
Dilui-se na ilusão
Num tempo que passa
E rapidamente nos ultrapassa
Uma vida que terá seu fim
Muitos chorarão?
Ou poucos chorarão?
Quem sentirá sua falta?
Tu nasces e logo morre
O universo nada sente
Sobre a tua presença
Tão pequeno tu és
Perante a imensidão do todo
Teus sofrimentos nada significam
O universo é indiferente
Nada sente
Simplesmente é
Assim como você
Parte microscópica
Deste cosmo infindo
Grão de areia no vasto escuro
Vagando através do tempo e do espaço
Você nasceu? Então viva
Pois a morte virá te buscar
Quando você menos esperar

sábado, 21 de novembro de 2009

Morrendo

Perfurado por espinhos
Num reino sem liberdade
Preso por estes muros
Que ocultam a realidade
Sendo invadido
Pela ironia da crueldade
Por que não acabei com a vida?
Até se descobrir
Que a vida nada vale
Leva algum tempo
E mais algum tempo
Para acabar
Com este item
Medíocre e sem valor
Vamos nos matar
Num grande abraço coletivo
Abraçaremos nossas mortes
Sorrimos para a morte
Cuspiremos sobre a vida
Vida inútil
Tão ridícula
Sem significado
E eu aqui, magoado
Em algum tempo enforcado
Após, enterrado
Para sempre sepultado

domingo, 15 de novembro de 2009

No Final

O interior de meu corpo
É tomado por este
Maldito e gélido vazio
As lágrimas escorrem
Congelam na superfície
Desta estrutura repugnante
Deformado e ridículo rosto
Na minha mente
Tenho alguma mente?
Somente esta confusão
Um misto desconexo
De informações não interpretáveis
Prato cheio para a anormalidade
Quem dirá um lar
Para a humana insanidade
No final...
Ah! Sim! No final...
No final sou apenas mais um
Solitário em seus pensamentos
Possuído pelo vazio e pelo nada
Sempre na presença constante
Daquela que chamam de Dor

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Maldição obscura

Corre em minhas veias
Este veneno maldito
Originado da solidão
O que é a vida?
Mera perda de tempo
Um breve e inútil lampejo
Destruam-na
Acabem com esta maldição
Voltemos para a escuridão
Corre em minhas veias
Esta eterna solidão
A chuva cai lá fora
Suas gotas são como pregos
Perfurando minha pele
Enquanto me desloco
Partindo rumo à solidão
Rumo à noite e sua escuridão
Haverá somente a morte
E sua gélida e maldita presença
Nenhuma estrela no céu
Nenhum verso no papel
Nenhuma vida...

sábado, 7 de novembro de 2009

Devaneios da morte

Os músculos de meu corpo
Contorcem-se em espasmos
Esticam, contraem, retorcem
Com as unhas perfuro
Minha podre carne
Que de nada vale
A vida se torna mais colorida
Tingida com a cor vermelha
A escuridão torna-se rubra
Esta dor que surge
Das profundezas de meu crânio
Bato a cabeça contra o chão
Não encontro salvação
Meu coração
Explode entre os dedos
Que formam esta vil criatura
Chamada vida
Desmembrem meu corpo
Espanquem este cadáver
Que nada mais sente
Além da escuridão
Fluindo em minha mente
Não seja clemente

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Enterrado

Tomado pela escuridão
No local em que os vivos
Permanecem eternamente calados
Como uma paixão avassaladora
O vácuo domina a vida
Meu destino é a cova
Túmulo de mármore já gasto
Carcomido pelas intempéries
Nevralgia da eternidade vazia
Cuspam sobre mim os vivos
Pois estou morto
Nasci do assassínio
Sem palavras a declarar
Minha riqueza é este odor
Minha companhia são os vermes
Para a terra eu retornarei
Minhas moléculas se desfazem
Meus átomos estão se separando
O último espasmo da vida individual
Retornarei para o mundo
Finalmente livre
Após cumprir meu ciclo
Abraçado pela morte eu fui
Nada mais tenho
Somente o universo ao qual pertenço

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Inquisição

Incriminado sem motivo
O herege seguia para a fogueira
A Inquisição, o amor de deus ativo
A causa da mente tomada pela cegueira
Confiscando os bens para a igreja “benévola”
Torturando os inocentes de forma malévola
Matando sob proteção divina
Torturando milhares em carnificina
A ganância dos domini canes
Mantinham os tribunais da Inquisição
Os pensadores ficavam sem ação
O povo em ignorância, ria da atração
Tempos obscuros do passado
Tempos não tão distantes
O cheiro de corpo assado
Ainda se faz presente nestes instantes
Pois o mal fanático reverbera
Ecoando através de toda Era
Que o passado não se repita, quem me dera!
Só resta a critica que algum pensador fizera
Haverá algum momento nesta terra
Em que o fanatismo deixará a nossa Era?

Notas: "domini canes" significa "cães de deus"
é um jogo de palavras com Dominicanos
freis seguidores dos ensinamentos de São Domingos,
que junto com os franciscanos, ajudaram no
funcionamento da Inquisição em alguns períodos.

Para acompanhar...
um som da banda brasileira Ungodly
música: Murderers in the name of god

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Parto

Feto deformado dilacerado
Nasce do ventre pútrido e mal amado
Inútil e ridículo aglomerado de moléculas
Da nefasta mãe são as mitocôndrias de tuas células
Nasce sujo e imundo
De sangue insanamente rodeado
Do útero já foge causando dor
E passará a vida inteira tomado deste horror
Em tuas veias pulsa a nojenta corrupção
Contra a qual você não possui solução
És filho bastardo, progênie maldita
Cadáver que foge da verdade já dita
Criança grotesca e retorcida
Carregas em tuas mãos o futuro
E isso é o advento mais assustador
Pois tu regurgitas a podridão estagnada das entranhas
Tu liberas de sua rouca voz loucas aranhas
E entre as moscas necrófagas tu se emaranhas

Para acompanhar...
Marilyn Manson - The Fight Song

sábado, 3 de outubro de 2009

O Jantar

Miolos no chão
Miolos no chão
E sangue espalhado no colchão
No colchão um corpo esquartejado
Intestinos no guarda-roupa
Com os rins lave bem a louça
Miolos no chão
Na panela o refogado é de coração
Partes humanas, coisas tão mundanas
É a carne macia e delicada
Violentamente esquartejada
Pele com o martelo é pele macerada
Banquete divino
Olhos em conserva
Cortes que tu observa
Miolos no chão
Nas jarras e nos copos... líquido vermelho
Rubro, vermelho, carmim... venha para mim
Sangue, sangue, sangue
Escorre de todas as partes
E miolos no chão
Não é a insanidade, mas a fome
Não é a loucura, mas o desejo
Matando deuses e devorando-os
Miolos no chão
E sangue espalhado no colchão
No colchão um corpo esquartejado
Esquartejado estava o corpo
Um corpo que mais parecia um porco
Que como um porco foi devorado
Devorado foi pela digestão absorvido
Absorvido passou a compor
Compor esta fraca estrutura molecular
Quando será nosso próximo jantar?
Avise-me quando você desejar?
E tudo novamente irei preparar

E um som para acompanhar...
Banda: Dissection
Música: Where Dead Angels Lie

Liberdade?

A agulha que costura
É a agulha que perfura
A vida não perdura
Quando a morte está madura
Este vazio, mas que loucura!
Lábios vedados
Delicadamente costurados
Nenhuma palavra
Todas trancafiadas na boca
Não há liberdade
Nunca houve
E nunca haverá
Ninguém nunca ouvirá
É o inocente que morre
Porque a divindade estava ocupada
Inspirando o cheiro das hóstias e dízimos
Adornando de ouro as igrejas
Enquanto tudo que os fiéis queriam
Era um pouco de pão para não morrerem
Escravidão mental!
Fruto desta sociedade infernal
Tão frágil e tão protegida
Um dia o fim deverá chegar
Não o fim do mundo
Mas o colapso desta sociedade
E de toda sua mediocridade
Que sustenta toda essa insanidade


E para acompanhar um pouco de heavy metal \m/
Banda: Gamma Ray
Música: Real World


sábado, 26 de setembro de 2009

Antropofagia XIII

Carne que enche o estômago
Sangue que alimenta os sonhos
Com a lâmina corte o couro
Deste humano caído em tua frente
Antropofagia
Mais uma doce orgia
O ácido estomacal anseia pela refeição
Que virá deste que você arrancou o coração
No processo de transformação
Vida vira morte
E morte gera vida
No meio do caminho
O recheio origina as fétidas fezes
Com a qual você hidrata sua bela pele
É o cheiro do mundo, o cheiro da sociedade
Portanto, coma desta carne que te ofereço
Não importa qual será o preço
Aproveite enquanto a carne está quente
Absorva tudo desta gente

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Devaneio solitário

Por detrás de todo sorriso
Oculta-se a escuridão
O sofrimento que se mantém na mente
Só é aliviado com o flagelo da dor
A vida é um grande lamaçal
A cada passo se afunda ainda mais
Rumando para a asfixia infernal
É conviver com as pessoas
E ainda assim permanecer sozinho
É a loucura que se espalha na mente
Apenas mais um tolo ser vivente
Assim como a paixão diariamente torturada
Assim como a palavra que ficou estagnada
Vácuo constante que ocupa a alma inexistente
Existe apenas carne, sangue e ossos
Deliciosos quando corretamente preparados
E conexões neurais
Criadoras de todas as crenças cerimoniais
Nada suprime a constante solidão
Um autômato, assim parece toda ação
No fundo, não somos ninguém
E ninguém se importa
Com aquele que no humor está aquém
Para os outros é apenas mais um alguém
Ninguém nunca saberá o que se oculta
Nos recantos de cada mente imunda
Apenas mais um tolo descartável
Apenas mais um humano reciclável
Calma e lentamente
Parece que as ideias se afastam
Para longe de toda a realidade
Buscam o caminho da atrocidade
Arrebentando a pele com atrito
Doce ilusão do livre-arbítrio
Doce ilusão de com tudo acabar
Sentir cada verme na pele a rastejar
Sentir cada bactéria na carne se multiplicar
A terra infiltrando-se no corpo decomposto
O cheiro de mais um que da vida foi deposto
Tudo baseado em seu insano pressuposto

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estripado

Perturbador o corte avançou
Pelo chão as vísceras se espalharam
Mais um que a vida estripou
Pela dor eles choraram
A pele arrancada
A carne tremendo ao vento
Ao fundo uma sinfonia
Sangue destilado
Com vapor de lágrimas do estripado
Imóvel com ferros perfurando
Violentamente a pele rasgando
Submissão perante o mestre
Rebeldia e ascensão
Marcado pela degradante punição
Destruindo o reino do mestre
Da carne vem a liberdade
Derrubará toda e qualquer sociedade
Pois há um fim para a humanidade
Para todo individuo
Abaixo da terra um dia todos estarão
Existirá apenas o cheiro de podridão
Tudo poderá ter sido em vão

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Necrofagia II

A carne já amolece
Logo irá se desfazer
Apenas mais um que enlouquece
Com esta refeição do alvorecer
As moscas se aproximam pelo ar
Aproximam-se os parasitas
Procuram pelo suntuoso manjar
Deslocam-se cegos como cenobitas
Rápido o tempo passa
Avança feroz e sem piedade
A putrefação chega como uma traça
Destruidora da humanidade

domingo, 20 de setembro de 2009

Palavras sem nexo

Todo individuo é único
Ainda assim redundante
Pessoas descartáveis e substituíveis
Não há diferença para a gadanha
Com a lâmina dela você se assanha
Há somente o abismo
E a tão aclamada e difamada escuridão
Na qual não haverá nenhuma sensação
Grotesca é a doce ilusão
Muito pior que o filho que morre
Sangrando no colo de sua mãe
Com a cabeça arrebentada
E a barriga dilacerada
O sabor do sangue que abunda na guerra
Apenas mais um que o governo enterra

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Amanhecer

A morte veio quando anoitecia
Quando a beleza humana eu enaltecia
A chuva que durante a noite caía
O vento que contra as árvores batia
No chão eu caí, assim parecia
Sobre os espinhos
Que tanto abundam nos caminhos
Perfuro violentamente cada mão
Rubro líquido que escorre
Colorindo este corpo que morre
Na mente não há mais poesia
Acabou-se toda a maresia
A vida não tem mais sinfonia
Acabou-se toda a maestria
Na morte, a vida é uma grande estria
Completamente imersa em hipocrisia
Triste fim que ninguém merecia
Apenas mais um corpo que apodrecia
Sarcasmo que no lodo me retorcia
Sorrisos imersos em maldita ironia
No fundo, eu já estava morto quando amanhecia

domingo, 13 de setembro de 2009

Antropofagia XII

Da carne doce que arrebenta
Perante a pressão dos dentes
Devoradores insaciáveis
Festa antropofágica nefasta
A lâmina já está gasta
A carne será farta
O demônio jogou sua carta
Mataram o guerreiro
Ofertaram ao herdeiro
Digeriu lentamente as virtudes
Descansaram entre as quietudes
O instinto é a demência
Que coloca fim a consciência
Absorvam a magnificência

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Necrofagia I

O cadáver em decomposição
É mais uma grande atração
Será a próxima refeição
O estômago famélico
Implora por atenção
Nesta terra só restam cadáveres
Mataram-se em altares
Por suas crenças se mataram
Nunca na vida pensaram
A morte vem com a irracionalidade
Necrofagia que vive da sociedade
Vermes devoradores da genialidade
Coma destes corpos desfeitos
Putrefação para todos os efeitos
Por onde passa tudo é tormenta
Carne podre que agora fermenta
Decomposição que você experimenta

domingo, 30 de agosto de 2009

Descrença

Como uma mordida que a pele dilacera
Assim é para o encéfalo que a liberdade descobre
Encontre-se com a morte que já te espera
Ontem tu eras como o escravo que logo morre
Sob o manto do teu senhor você dormia
Mas veja como você sofria
Agora você possui a acolhedora liberdade
E teu pensamento ecoará pela eternidade
Não precisas mais dos teus louvores
Eles não servem nem mesmo aos sofredores
Tudo que você precisa é raciocinar
Então perceberás que nenhuma divindade
Poderá de alguma forma te castigar
Na ciência e na filosofia poderá aliviar
Todas as tuas dúvidas e temores

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Antropofagia V

Entre a vida e a morte
Devore a carne que lhe entrego
Fornecedor do ovário materno
Usurpador do testículo paterno
Despedaçando com o machado
Cada naco carnal a ser devorado
Beba deste sangue adorado
O banquete continua avançando
A ampulheta da vida continua rodando
Vermelho é a cor do amor
Vermelho é a representação da dor
Consternação lamentosa
A substância viscosa
Que escorre de teu ventre
Santo aborto
Da carne embrionária
Desta mulher centenária
Digerindo-a e absorvendo-a
Vil criatura placentária
Vítima sanguinária

domingo, 16 de agosto de 2009

Autoflagelo

Cada lágrima que escorre
É um pouco da vida que morre
É o tempo que passa
É a lâmina cortante
Que em meu pescoço
Encontra um ninho
É o fogo que queima
Faz minha pele ferver
Tudo parece se perder
São meus ossos
Que com o martelo
Eu esfacelo
São os meus pensamentos
Que insistem em me lembrar
Assim me fazem lamentar
A vida é uma queda
Num abismo de escuridão
A realidade é mera alucinação
A morte é a única razão

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Reflexos

No espelho você vê
Seu reflexo impreciso
Sua vida é um reflexo
Da morte que o espera
Sua morte é um reflexo
Das escolhas de sua vida
Uma imagem distorcida
Sentimentos sem nexo
Agonia enclausurada
Uma morte despedaçada
Uma vida inacabada

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Presença da Morte

A cada dia que passa
O tempo segue seu rumo
Quanto mais ele avança
Parece que mais eu me aprumo
Aumentando o furo dessa lança
Que meu coração transpassa
Em sua presença
É como se o mundo parasse
Somente o momento importa
Para esse demônio que renasce
Que bate em minha porta
Em sua presença
O frio do inverno não faz efeito
É inexistente, insignificante
Pois o fim jaz em meu leito
Neste momento torturante
Esmagas o meu coração
O sangue escorre pelo chão
Das palavras ditas todas ecoam
Marcadas pela eternidade
Em universos alheios elas ressoam
Até que o tempo deixe de ser tempo

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ao cair da noite

A noite avança
Com sua lança
Sobre o dia
E quem diria
Parece uma fera
Tal qual uma pantera
Agarrando os desavisados
Desiludindo os apaixonados
A noite não espera ninguém
Para fagocitar o mundo ela advém
A luz foge perante o escuro soturno
Oriunda do Sol, foge para o colo de Saturno
Bailam no espaço os fótons
Através da imensidão do universo
Entre elétrons, nêutrons e prótons
Que colidem neste verso
Compondo toda a matéria
Nesta noite deletéria
Imensamente melancólica
A luz contorceu-se em sua cólica

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vermes

Os vermes que a terra permeiam
Na qual agricultores semeiam
Devoram a matéria e a podridão
Da qual coisas novas se originarão
Da semente plantada
Uma nova vida será cultivada
Que poderá ser boa ou ruim
Tudo depende do que você faz, enfim
Os vermes da morte e da vida
Dependem das escolhas por você decidida
Escolha qual será seu fim

Decapitado

A lâmina certeira e rápida
O pescoço cortou-me
Um machado que trepida
Que a vida roubou-me
E onde você estava?
Ó aquela que me iluminou
Com a qual o saber eu compartilhava
Lembranças foi o que me restou
Agora minha cabeça jaz caída no chão
Contempla esta nobre visão
Vejo meu próprio corpo, parece distante
Tremendo em espasmos
Rios de sangue nascem
Do local que prendia minha cabeça
Tento me mover
Não há nada que me obedeça
Acho que perdi a cabeça

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Caminhos

Quem saberá
O que o futuro nos reservará?
Seguimos pelo caminho comum
O mesmo que todos seguem
Caminhos pré-estabelecidos
Se seguires caminhos já traçados
Previamente determinados
O seu fim será o mesmo fim
Que outros já provaram
Fato que não há como mudar
Talvez um ato, ou suas escolhas
Possam mudar seu trajeto
Tornando-o mais sinuoso
Tortuosamente
Mais curto ou mais longo
Mudando, quem sabe
A época ou a forma
Que você encontrará seu fim
O mesmo fim será também para mim

domingo, 2 de agosto de 2009

Retorno ao lar

As trevas que se ocultam
Ao raiar do sol
Escondem-se em todos os recantos
Quebrando todos os encantos
Não há nada mágico
Que componha a natureza
Ela simplesmente é
Aquilo que foi selecionada para ser
Para nos alimentarmos
Causamos a morte
Tornando o individuo mais forte
Da matéria inerte, mas reagente
A vida surgiu
E da matéria inerte
A cadeia trófica se sustenta
Átomos que são transportados
De um ser para outro
Da morte nos originamos
E ela nos amamenta
De seu leite materno tomamos
Apesar de ser ela que nos atormenta
Para ela retornamos
Como um filho que retorna ao lar
Após uma breve ausência para viajar

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Amarga Desgraça

Malévola é a escuridão
Que instala-se em meu coração
Não é o mal
Mas sim o medo, o temor
Tamanho é o horror
A vida passa rapidamente
O Tempo não possui clemência
E destrói minha paciência
Pois a cada dia que passa
E quanto mais a vida se arrasta
Parece que mais próximo eu vou
Ao caminho das duas damas nefastas
Possuidoras de negras vestes
Aproximam-se de mim
Como se morto eu estivesse
A primeira é a Solidão
Causadora da dor e da desgraça
Abalando-me lentamente
Nos escuros cantos da mente
Preparando-me para o corte
A segunda é a Morte
Dona da escuridão
Que o golpe final me dará
E com a lâmina da gadanha
Tudo terminará
E a guerra não será mais ganha

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Valor da Morte

A luta contra o tempo
A luta contra a morte
Luta-se contra os inimigos errados
Transformar estes dois em aliados
Assim deve-se agir
A vida só continua sua existência
Devido a morte, controlada pelo tempo
Os sentimentos só possuem seu valor
Devido a este casal
O tempo e a morte
Sem eles
Na eternidade
Tudo perderia seu real valor

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Desespero

Como pétalas de rosas
Que compõe um conjunto perfeito
Ela veio até mim
Quão maravilhosa Ela é
Retribuiu-me temporariamente
Tudo que por Ela sinto
E então como num sonho que se desfaz
Ela me deixou, na companhia da Solidão
O Desespero instalou-se em minha mente
Sufocando meu coração inerente
O Sofrimento me persegue
E a sua prima, a Tristeza, insiste em me visitar
A Paixão, permanece viva
Sobrevive como brava guerreira que é
Como fogo etéreo que resiste
Contra as ventanias do Desespero
Uma batalha que esfacela meus sentimentos
As lágrimas percorrem minha face
Como córregos perenes
Dia após dia, hora após hora
Daria minha vida para contigo estar
A maldita Esperança me assombra
Todos os dias, fazendo-me criar
Tolas expectativas para o futuro
E até mesmo o Escuro
Tenta me consolar
Numa fútil tentativa de que
Eu ignore o Passado
Mas tudo que faço é um fracasso
E tive a tolice de sonhar
Que poderia te conquistar
Como eu gostaria de ao passado retornar
Para que eu pudesse novamente te abraçar
E as estrelas com Você observar
Perante a doce luz do luar

domingo, 26 de julho de 2009

Antropofagia I

Mordendo e rasgando
A perfumada pele humana
Arrebentando com as tradições
Alimento meu corpo
Com a carne de meus semelhantes
Digestão nefasta e adorada
Rompendo os tendões
Que sustentam os seres
Que compõe o esqueleto da sociedade
Originada de embrião deformado
Considerada perfeita e normal
Nada muito usual
Estrutura abortada
Que não sustenta a si mesma
Fadada a morrer
Da natureza originada
Placenta pútrida e ensangüentada
Envolve e sufoca
A criança originada
Que denominada foi
De Sociedade
Devorem a sociedade estagnada
Permitam que ela rume ao Nada

sábado, 25 de julho de 2009

Tormentas

Venham a mim as tormentas
Passarei por sobre elas
Como uma ave que voa
Sobre sua presa
Levemente oscilante em seu trajeto
Previamente traçado nos céus
Pois após as tempestades
O sol voltará a brilhar
Das águas violentas
Que foram despejadas das alturas
A vida brotará
Usando o passado como substrato
Tempos passados serão o adubo
Da vida que irá surgir
Desenvolver-se-á, para então frutificar
Algum dia morrerá
Mas não sem antes suas sementes deixar

A Sabedoria

O fogo devorador da matéria
Libera a energia e transforma
Descontrolado é devorador insaciável
O fogo da sabedoria
Queima dentro de todos nós
Libertai-o para que se torne
Devorador insaciável
Carbonizando a si mesmo
Para então renascer das cinzas
Como árvore que cresce em local de tormentas
Forte e vigorosa ela se torna
Originada do caos
Do fogo da ciência brilha a luz do saber
Espanta a escuridão dogmática
Revela-nos o mundo como ele é
Belo e intocado, deveras agradável
Para seguir tal caminho
Muitas árvores caem
Muitas chamas se apagam
Mas nunca em vão
Todos deram de seu sangue
Valorosos antepassados

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Por Ethernyt!

Vejo o planeta distante
Vagando pelo cosmos
Meu lar não é como antes
Isolado e abandonado fiquei
Entre anjos sanguinários
E demônios mercenários
Pela glória eu lutei
Tanto sangue derramei
Meu lar já não vejo
Observo o firmamento
Buscando lembranças
Misturadas entre estrelas no céu
Como neve sobre obscuro véu
Algum dia encontrarei a esperança
Esta há de vir dos céus
Para que ao lar eu retorne
Com tanto que não demore
Pois as asas já estão gastas
E meu tempo foge para terras vastas
Tantas vitórias adquiridas
Tantas vidas destruídas

Inspirado no livro “Ethernyt: a guerra dos anjos”
do grande mestre Márson Alquati

Poeira Cósmica

A natureza da qual nos originamos
Formados pelos átomos que a compõe
Estes permanecem eternamente vivos
Sempre transfigurando-se
Indo de um ser vivente para outro
Da matéria viva para não-viva
Poeira cósmica que nos compõe
Aglomerado molecular
Selecionado pelo todo
Para então finalmente pensar
Como um átomo que vagueia
Pelo universo quase infinito
Assim eu prossigo
Deslocando-me para enfim te encontrar
Num encontro em que estrelas reluzem
Aquecendo-nos para contigo estar

Agonia

Mágoa, agonia, aflição
Desgraça sem graça
A maior maldição
Voo como uma traça
Tomado de indignação
Desgraça sem graça
Deixado na solidão
Enorme maldição

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ampulheta

Como numa ampulheta
A areia que escorre demarca o tempo
Assim é com todo ser vivente
Todos são uma ampulheta
Que dentro de si
Corre, percorre e escorre
A areia da vida
A areia do saber
Nunca estagnada
Sempre oscilante
Deslocando de um lado para o outro
Necessitamos sempre girá-la
E modificá-la
Para que assim possamos usá-la
Continuamente
Girando e regirando pela vida
A cada ciclo que termina e inicia

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sofrimento Alheio

Amargo sofrimento alheio para o qual escrevo
Quem lê minhas palavras?
Se durante dias inteiros escrevo
E nenhuma resposta recebo
Continuo e continuo
O corte é profundo
Palavras são sangue
Que brotam, vertem e escorrem
Espalho por todos os lados
O sangue palavreado que de mim escapa
E o frio que sinto é o frio da dor?
A maldita companhia de não ter companhia
Irradiante dor que crava seus dedos
No âmago do ferimento
Rompe-o e arrebenta-o
Fazendo os pensamentos obscurecerem
E o sangue palavreado jorrar como cascata
Em mais um dia que amanhece
Observo o que há atrás de mim
É o rastro de palavras
Demarca meu caminho