domingo, 29 de novembro de 2009

Teu fim

Quem sou eu?
E quem é você?
Desta realidade
Que perdeu seu toque imaculado
Dilui-se na ilusão
Num tempo que passa
E rapidamente nos ultrapassa
Uma vida que terá seu fim
Muitos chorarão?
Ou poucos chorarão?
Quem sentirá sua falta?
Tu nasces e logo morre
O universo nada sente
Sobre a tua presença
Tão pequeno tu és
Perante a imensidão do todo
Teus sofrimentos nada significam
O universo é indiferente
Nada sente
Simplesmente é
Assim como você
Parte microscópica
Deste cosmo infindo
Grão de areia no vasto escuro
Vagando através do tempo e do espaço
Você nasceu? Então viva
Pois a morte virá te buscar
Quando você menos esperar

sábado, 21 de novembro de 2009

Morrendo

Perfurado por espinhos
Num reino sem liberdade
Preso por estes muros
Que ocultam a realidade
Sendo invadido
Pela ironia da crueldade
Por que não acabei com a vida?
Até se descobrir
Que a vida nada vale
Leva algum tempo
E mais algum tempo
Para acabar
Com este item
Medíocre e sem valor
Vamos nos matar
Num grande abraço coletivo
Abraçaremos nossas mortes
Sorrimos para a morte
Cuspiremos sobre a vida
Vida inútil
Tão ridícula
Sem significado
E eu aqui, magoado
Em algum tempo enforcado
Após, enterrado
Para sempre sepultado

domingo, 15 de novembro de 2009

No Final

O interior de meu corpo
É tomado por este
Maldito e gélido vazio
As lágrimas escorrem
Congelam na superfície
Desta estrutura repugnante
Deformado e ridículo rosto
Na minha mente
Tenho alguma mente?
Somente esta confusão
Um misto desconexo
De informações não interpretáveis
Prato cheio para a anormalidade
Quem dirá um lar
Para a humana insanidade
No final...
Ah! Sim! No final...
No final sou apenas mais um
Solitário em seus pensamentos
Possuído pelo vazio e pelo nada
Sempre na presença constante
Daquela que chamam de Dor

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Maldição obscura

Corre em minhas veias
Este veneno maldito
Originado da solidão
O que é a vida?
Mera perda de tempo
Um breve e inútil lampejo
Destruam-na
Acabem com esta maldição
Voltemos para a escuridão
Corre em minhas veias
Esta eterna solidão
A chuva cai lá fora
Suas gotas são como pregos
Perfurando minha pele
Enquanto me desloco
Partindo rumo à solidão
Rumo à noite e sua escuridão
Haverá somente a morte
E sua gélida e maldita presença
Nenhuma estrela no céu
Nenhum verso no papel
Nenhuma vida...

sábado, 7 de novembro de 2009

Devaneios da morte

Os músculos de meu corpo
Contorcem-se em espasmos
Esticam, contraem, retorcem
Com as unhas perfuro
Minha podre carne
Que de nada vale
A vida se torna mais colorida
Tingida com a cor vermelha
A escuridão torna-se rubra
Esta dor que surge
Das profundezas de meu crânio
Bato a cabeça contra o chão
Não encontro salvação
Meu coração
Explode entre os dedos
Que formam esta vil criatura
Chamada vida
Desmembrem meu corpo
Espanquem este cadáver
Que nada mais sente
Além da escuridão
Fluindo em minha mente
Não seja clemente