terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sobre a educação

A educação é uma das ocorrências mais necessárias na vida de uma pessoa, adquirir novos conhecimentos é igual a comer ou beber água, é vital. Permanecemos alguns dias sem a aquisição de novos saberes e nossos corpos (do qual nossa mente é parte integrante) já começam a ter os sintomas de tal desnutrição.


Os novos conhecimentos, a educação contínua, mexem com nossos neurônios, fazem nossos raciocínios circularem e serem reciclados, renovados e aperfeiçoados. Sentimo-nos bem e satisfeitos conosco e com a vida quando temos oportunidade de estar recebendo sabedorias úteis. Tornamo-nos mais vivos quando passamos a conhecer e a entender cada vez mais o mundo que nos cerca, sem contar todos os medos tolos que se dissipam diante da luz do conhecimento, todas as trevas de misticismo e superstição que são destruídas diante da ciência.

Infelizmente nem tudo que temos em nossa frente é conhecimento verdadeiro, conhecimento científico real, duramente testado e analisado livre de preconceitos e crenças antiquadas. Os conhecimentos falsos e pseudocientíficos infelizmente são muito aproveitados por pessoas disfarçadas de sábios, que enganam o povo com uma roupa bonita e um perfume agradável.

Dada a complicada história brasileira na qual o povo nem sempre tem acesso completo aos conhecimentos e muito do que nos foi ensinado são crendices fantasiosas e sem fundamentos, chegamos a um ponto em que as pessoas não sabem mais filtrar as informações que recebem, não desenvolveram e nem praticaram um raciocínio crítico que lhes permita deduzir até que ponto uma informação é real ou fantasiosa. Conforme já afirmaram alguns pensadores: “acreditar é mais fácil do que pensar”.

Podemos afirmar que esta situação só tende a piorar, considerando o caráter político do Brasil, no qual a educação não é prioridade e cresce a cada dia o descaso das supostas autoridades para com a educação, onde o povo todo aceita tranquilamente as “ordens” dos “governantes”, esquecendo-se que o “governante” não manda no povo, pois o povo que é que o escolheu. Cria-se uma situação completamente decadente para a nação.

Alguns dos políticos que o povo escolheu para si, são seus próprios assassinos, são genocidas, difícil a semana que não haja alguma notícia sobre corrupção e desvio de dinheiro. Dinheiro que deveria ser destinado para educação, saúde e meio ambiente. Estes eleitos matam e torturam disfarçadamente seu eleitorado como se fossem deuses.

E o povo, com sua precária educação e a falta de senso crítico que lhe foi tradicionalmente imposta, cai nas tramas e artimanhas daqueles que lhes sugam o trabalho. Mas não coloquemos toda a culpa sobre alguns eleitos corruptos. Há muito nisso que é culpa nossa, não sentes o cheiro de podre em tua pele?

Há uma grande parcela de culpa que também é do próprio povo. Seria muito fácil jogarmos toda a autoria nas outras pessoas e dormirmos com um falso estado de tranquilidade, ignorando o tamborilar pesado de nossas consciências superficialmente morais.

Esta situação chegou a esse ponto em nosso país, pois o povo cansou de lutar ou preferiu se acomodar. Seria mais fácil afirmar que a conformidade se apoderou dos pensamentos das pessoas, andamos em nossas cidades e vemos que as pessoas não cuidam nem mesmo de suas residências, não se preocupam com a saúde de seu ambiente residencial que em implica em sua própria saúde. Essa conformidade em suas casas acaba por ser aplicada nas rotinas de suas vidas e reflete na prole dos adultos.

As crianças inúmeras vezes utilizam seus pais como exemplos, assim, se os progenitores não incentivam o estudo, a saúde pessoal e princípios morais eficientes, a educação da criança ficará comprometida, bem como, o futuro da nação. Criam-se pessoas desligadas da sociedade e de seu aperfeiçoamento, criam-se pessoas desligadas da realidade. Criam-se pessoas com o “jeitinho brasileiro” que não implica somente em soluções fáceis, mas também em nem sempre fazer o que é certo por este ser uma alternativa mais difícil em diversas ocasiões. Sendo este o primeiro passo para a corrupção, que começa ainda nas “classes” sociais mais baixas e vai até as mais “elevadas”. Acabando por ser um refletir nos políticos, que como sabemos foram escolhidos pelo povo, assim sendo, seus atos são um reflexo do próprio povo. Muitos afirmam que eles devem dar o exemplo, mas já é chegada a hora de o povo dar o exemplo, pois se assim fosse a situação de nosso país haveria de ser melhor. Se os governantes não se preocupam com a educação, é porque o próprio povo não a prioriza, afinal a cerveja e o futebol são prioridades antes da leitura, uma situação trágica. O povo valoriza os políticos que fazem grandes obras inúteis e altos investimentos em festividades ridículas.

As sociedades e as culturas mudam, mas aparentemente os princípios basais acabam por serem os mesmos, festividades e comidas gratuitas, é isso que o povo aprecia e que culmina no encurtamento voluntário de suas memórias.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Empalado

Poema do livro Antropophagya Addendum.

Ele estava no alto
Observando a multidão
Que o rodeava
Estava debatendo as mãos
E também as pernas
Como se tentasse voar
Mas não retornaria ao chão
Pelo menos não tão cedo
Estava empalado
Aquela longa haste de madeira
Violava seu corpo
Em tons alternados
De lentidão e violência
Avançava
De um extremo a outro
Abrindo um caminho destrutivo
Entre as visceras de seu corpo
Ele gritava, arfava e se debatia
A população gritava e sorria
Ah! Que cena! Que doce agonia!
Quando mais se movia
Muito mais rápido sofria
Logo seu tempo acabaria