quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Empalado

Poema do livro Antropophagya Addendum.

Ele estava no alto
Observando a multidão
Que o rodeava
Estava debatendo as mãos
E também as pernas
Como se tentasse voar
Mas não retornaria ao chão
Pelo menos não tão cedo
Estava empalado
Aquela longa haste de madeira
Violava seu corpo
Em tons alternados
De lentidão e violência
Avançava
De um extremo a outro
Abrindo um caminho destrutivo
Entre as visceras de seu corpo
Ele gritava, arfava e se debatia
A população gritava e sorria
Ah! Que cena! Que doce agonia!
Quando mais se movia
Muito mais rápido sofria
Logo seu tempo acabaria

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