Olhe em algum relógio, que horas são? Em seu colo ele carrega um afiado machado. Quantos já não provaram deste metal gelado. Cada dia uma ferramenta, cada dia uma vida que ele atormenta. Viajando de cidade em cidade, sempre durante a noite. Mas ele não é um vampiro e nem nada sobrenatural, é muito pior, é humano, Homo sapiens. Ele sabia e ainda sabe que a realidade pode ser bem mais cruel que a ficção da imaginação. Ele nem se lembra quando começou com esta carnificina toda. Só se lembra que o gosto é bom e a carne é macia. Ele apenas gosta do escuro, com tantos recantos obscuros para esconder e observar, finalmente matar. Que horas são? Falta pouco, muito pouco. Ele só quer saciar a sua fome, o estômago está inquieto. E a imaginação voa rapidamente.
Se o populacho quer cerveja e futebol, ele quer sangue e dor. Como qualquer outro, um fanático espectador. Buscando pelo seu pão e seu circo. O desejo de todo povo! Preferem escapar da realidade, deixarem o governo manipulá-los, mas não trocam seu pão e seu circo por nada. E ele também busca sua diversão. Onde ele está? Está em sua cidade. Estripando e devorando algum desavisado. Bebendo sangue em cálice de ouro e comendo carne bem passada, cuidadosamente preparada. E muito bem temperada. Pode ser que ele esteja do outro lado da porta de sua casa ou te observando pela janela. Experimentando teu cheiro, excitando-se com tua face de medo e horror. Que horas são? Hora de comer! Ele está com muita fome. Anseia por esquartejar teu corpo, enquanto você grita e se contorce em agonia, chamando pela sua deidade, apenas para saber que nenhuma ajuda virá para atender suas preces.
Ele quer seu sangue doce como mel. Amarrar você e rasgar sua pele e tingir-se com o vermelho de teu sangue. Não chores, talvez ele arranque alguns de seus dentes para confeccionar um colar que poderá ser enviado de lembrança para seus familiares. Seu crânio enfeitará a estante dele, segurando alguns livros sobre anatomia humana e culinária. Que horas são? Hora de você sofrer, é hora de você morrer. Com o machado você conhecerá o real significado da palavra dor. Tu verás teus ossos sendo partidos com violência e precisão. Tu descobrirás que em apenas alguns minutos uma pessoa pode desejar estar morta há anos ou desejar nunca ter nascido. E você será a refeição perfeita, ninguém sentirá tua falta, pois em tua vida, tu foste apenas mais um na multidão. Tu que anseias pelo sangue destas palavras! Tu serás o grande banquete!
Que horas são? Quem é ele? Tu ainda me perguntas? Pergunta-me e eu te pergunto, todos tem perguntas? Se não queres pergunta, cale-se e diga “amém”. Ele é eu e eu sou ele. Apesar de que não me lembro dele. Nada fora do normal e agora? Venha para fora! Deixe-me terminar, sim, terminar de afiar meu lindo machado para te cortar, abastecer o carro e comprar os temperos. Eu quero você e ele quer você, porque eu sou ele e ele sou eu ou ele é eu? Quem se importa? Esta será tua última preocupação! Espere-me em tua casa esta noite, mas espere-me de portas trancadas, assim podemos nos divertir um pouco antes do jantar. Estou salivando por sua imaculada carne, pensando em todos os pratos que prepararei para nosso jantar. Estou nervosamente ansiando com a expectativa de te comer (literalmente).
Marius Arthorius
terça-feira, 29 de junho de 2010
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