quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Enterrado

Tomado pela escuridão
No local em que os vivos
Permanecem eternamente calados
Como uma paixão avassaladora
O vácuo domina a vida
Meu destino é a cova
Túmulo de mármore já gasto
Carcomido pelas intempéries
Nevralgia da eternidade vazia
Cuspam sobre mim os vivos
Pois estou morto
Nasci do assassínio
Sem palavras a declarar
Minha riqueza é este odor
Minha companhia são os vermes
Para a terra eu retornarei
Minhas moléculas se desfazem
Meus átomos estão se separando
O último espasmo da vida individual
Retornarei para o mundo
Finalmente livre
Após cumprir meu ciclo
Abraçado pela morte eu fui
Nada mais tenho
Somente o universo ao qual pertenço

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Inquisição

Incriminado sem motivo
O herege seguia para a fogueira
A Inquisição, o amor de deus ativo
A causa da mente tomada pela cegueira
Confiscando os bens para a igreja “benévola”
Torturando os inocentes de forma malévola
Matando sob proteção divina
Torturando milhares em carnificina
A ganância dos domini canes
Mantinham os tribunais da Inquisição
Os pensadores ficavam sem ação
O povo em ignorância, ria da atração
Tempos obscuros do passado
Tempos não tão distantes
O cheiro de corpo assado
Ainda se faz presente nestes instantes
Pois o mal fanático reverbera
Ecoando através de toda Era
Que o passado não se repita, quem me dera!
Só resta a critica que algum pensador fizera
Haverá algum momento nesta terra
Em que o fanatismo deixará a nossa Era?

Notas: "domini canes" significa "cães de deus"
é um jogo de palavras com Dominicanos
freis seguidores dos ensinamentos de São Domingos,
que junto com os franciscanos, ajudaram no
funcionamento da Inquisição em alguns períodos.

Para acompanhar...
um som da banda brasileira Ungodly
música: Murderers in the name of god

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Parto

Feto deformado dilacerado
Nasce do ventre pútrido e mal amado
Inútil e ridículo aglomerado de moléculas
Da nefasta mãe são as mitocôndrias de tuas células
Nasce sujo e imundo
De sangue insanamente rodeado
Do útero já foge causando dor
E passará a vida inteira tomado deste horror
Em tuas veias pulsa a nojenta corrupção
Contra a qual você não possui solução
És filho bastardo, progênie maldita
Cadáver que foge da verdade já dita
Criança grotesca e retorcida
Carregas em tuas mãos o futuro
E isso é o advento mais assustador
Pois tu regurgitas a podridão estagnada das entranhas
Tu liberas de sua rouca voz loucas aranhas
E entre as moscas necrófagas tu se emaranhas

Para acompanhar...
Marilyn Manson - The Fight Song

sábado, 3 de outubro de 2009

O Jantar

Miolos no chão
Miolos no chão
E sangue espalhado no colchão
No colchão um corpo esquartejado
Intestinos no guarda-roupa
Com os rins lave bem a louça
Miolos no chão
Na panela o refogado é de coração
Partes humanas, coisas tão mundanas
É a carne macia e delicada
Violentamente esquartejada
Pele com o martelo é pele macerada
Banquete divino
Olhos em conserva
Cortes que tu observa
Miolos no chão
Nas jarras e nos copos... líquido vermelho
Rubro, vermelho, carmim... venha para mim
Sangue, sangue, sangue
Escorre de todas as partes
E miolos no chão
Não é a insanidade, mas a fome
Não é a loucura, mas o desejo
Matando deuses e devorando-os
Miolos no chão
E sangue espalhado no colchão
No colchão um corpo esquartejado
Esquartejado estava o corpo
Um corpo que mais parecia um porco
Que como um porco foi devorado
Devorado foi pela digestão absorvido
Absorvido passou a compor
Compor esta fraca estrutura molecular
Quando será nosso próximo jantar?
Avise-me quando você desejar?
E tudo novamente irei preparar

E um som para acompanhar...
Banda: Dissection
Música: Where Dead Angels Lie

Liberdade?

A agulha que costura
É a agulha que perfura
A vida não perdura
Quando a morte está madura
Este vazio, mas que loucura!
Lábios vedados
Delicadamente costurados
Nenhuma palavra
Todas trancafiadas na boca
Não há liberdade
Nunca houve
E nunca haverá
Ninguém nunca ouvirá
É o inocente que morre
Porque a divindade estava ocupada
Inspirando o cheiro das hóstias e dízimos
Adornando de ouro as igrejas
Enquanto tudo que os fiéis queriam
Era um pouco de pão para não morrerem
Escravidão mental!
Fruto desta sociedade infernal
Tão frágil e tão protegida
Um dia o fim deverá chegar
Não o fim do mundo
Mas o colapso desta sociedade
E de toda sua mediocridade
Que sustenta toda essa insanidade


E para acompanhar um pouco de heavy metal \m/
Banda: Gamma Ray
Música: Real World