sábado, 26 de setembro de 2009

Antropofagia XIII

Carne que enche o estômago
Sangue que alimenta os sonhos
Com a lâmina corte o couro
Deste humano caído em tua frente
Antropofagia
Mais uma doce orgia
O ácido estomacal anseia pela refeição
Que virá deste que você arrancou o coração
No processo de transformação
Vida vira morte
E morte gera vida
No meio do caminho
O recheio origina as fétidas fezes
Com a qual você hidrata sua bela pele
É o cheiro do mundo, o cheiro da sociedade
Portanto, coma desta carne que te ofereço
Não importa qual será o preço
Aproveite enquanto a carne está quente
Absorva tudo desta gente

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Devaneio solitário

Por detrás de todo sorriso
Oculta-se a escuridão
O sofrimento que se mantém na mente
Só é aliviado com o flagelo da dor
A vida é um grande lamaçal
A cada passo se afunda ainda mais
Rumando para a asfixia infernal
É conviver com as pessoas
E ainda assim permanecer sozinho
É a loucura que se espalha na mente
Apenas mais um tolo ser vivente
Assim como a paixão diariamente torturada
Assim como a palavra que ficou estagnada
Vácuo constante que ocupa a alma inexistente
Existe apenas carne, sangue e ossos
Deliciosos quando corretamente preparados
E conexões neurais
Criadoras de todas as crenças cerimoniais
Nada suprime a constante solidão
Um autômato, assim parece toda ação
No fundo, não somos ninguém
E ninguém se importa
Com aquele que no humor está aquém
Para os outros é apenas mais um alguém
Ninguém nunca saberá o que se oculta
Nos recantos de cada mente imunda
Apenas mais um tolo descartável
Apenas mais um humano reciclável
Calma e lentamente
Parece que as ideias se afastam
Para longe de toda a realidade
Buscam o caminho da atrocidade
Arrebentando a pele com atrito
Doce ilusão do livre-arbítrio
Doce ilusão de com tudo acabar
Sentir cada verme na pele a rastejar
Sentir cada bactéria na carne se multiplicar
A terra infiltrando-se no corpo decomposto
O cheiro de mais um que da vida foi deposto
Tudo baseado em seu insano pressuposto

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estripado

Perturbador o corte avançou
Pelo chão as vísceras se espalharam
Mais um que a vida estripou
Pela dor eles choraram
A pele arrancada
A carne tremendo ao vento
Ao fundo uma sinfonia
Sangue destilado
Com vapor de lágrimas do estripado
Imóvel com ferros perfurando
Violentamente a pele rasgando
Submissão perante o mestre
Rebeldia e ascensão
Marcado pela degradante punição
Destruindo o reino do mestre
Da carne vem a liberdade
Derrubará toda e qualquer sociedade
Pois há um fim para a humanidade
Para todo individuo
Abaixo da terra um dia todos estarão
Existirá apenas o cheiro de podridão
Tudo poderá ter sido em vão

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Necrofagia II

A carne já amolece
Logo irá se desfazer
Apenas mais um que enlouquece
Com esta refeição do alvorecer
As moscas se aproximam pelo ar
Aproximam-se os parasitas
Procuram pelo suntuoso manjar
Deslocam-se cegos como cenobitas
Rápido o tempo passa
Avança feroz e sem piedade
A putrefação chega como uma traça
Destruidora da humanidade

domingo, 20 de setembro de 2009

Palavras sem nexo

Todo individuo é único
Ainda assim redundante
Pessoas descartáveis e substituíveis
Não há diferença para a gadanha
Com a lâmina dela você se assanha
Há somente o abismo
E a tão aclamada e difamada escuridão
Na qual não haverá nenhuma sensação
Grotesca é a doce ilusão
Muito pior que o filho que morre
Sangrando no colo de sua mãe
Com a cabeça arrebentada
E a barriga dilacerada
O sabor do sangue que abunda na guerra
Apenas mais um que o governo enterra

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Amanhecer

A morte veio quando anoitecia
Quando a beleza humana eu enaltecia
A chuva que durante a noite caía
O vento que contra as árvores batia
No chão eu caí, assim parecia
Sobre os espinhos
Que tanto abundam nos caminhos
Perfuro violentamente cada mão
Rubro líquido que escorre
Colorindo este corpo que morre
Na mente não há mais poesia
Acabou-se toda a maresia
A vida não tem mais sinfonia
Acabou-se toda a maestria
Na morte, a vida é uma grande estria
Completamente imersa em hipocrisia
Triste fim que ninguém merecia
Apenas mais um corpo que apodrecia
Sarcasmo que no lodo me retorcia
Sorrisos imersos em maldita ironia
No fundo, eu já estava morto quando amanhecia

domingo, 13 de setembro de 2009

Antropofagia XII

Da carne doce que arrebenta
Perante a pressão dos dentes
Devoradores insaciáveis
Festa antropofágica nefasta
A lâmina já está gasta
A carne será farta
O demônio jogou sua carta
Mataram o guerreiro
Ofertaram ao herdeiro
Digeriu lentamente as virtudes
Descansaram entre as quietudes
O instinto é a demência
Que coloca fim a consciência
Absorvam a magnificência

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Necrofagia I

O cadáver em decomposição
É mais uma grande atração
Será a próxima refeição
O estômago famélico
Implora por atenção
Nesta terra só restam cadáveres
Mataram-se em altares
Por suas crenças se mataram
Nunca na vida pensaram
A morte vem com a irracionalidade
Necrofagia que vive da sociedade
Vermes devoradores da genialidade
Coma destes corpos desfeitos
Putrefação para todos os efeitos
Por onde passa tudo é tormenta
Carne podre que agora fermenta
Decomposição que você experimenta