sexta-feira, 31 de julho de 2009

Amarga Desgraça

Malévola é a escuridão
Que instala-se em meu coração
Não é o mal
Mas sim o medo, o temor
Tamanho é o horror
A vida passa rapidamente
O Tempo não possui clemência
E destrói minha paciência
Pois a cada dia que passa
E quanto mais a vida se arrasta
Parece que mais próximo eu vou
Ao caminho das duas damas nefastas
Possuidoras de negras vestes
Aproximam-se de mim
Como se morto eu estivesse
A primeira é a Solidão
Causadora da dor e da desgraça
Abalando-me lentamente
Nos escuros cantos da mente
Preparando-me para o corte
A segunda é a Morte
Dona da escuridão
Que o golpe final me dará
E com a lâmina da gadanha
Tudo terminará
E a guerra não será mais ganha

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Valor da Morte

A luta contra o tempo
A luta contra a morte
Luta-se contra os inimigos errados
Transformar estes dois em aliados
Assim deve-se agir
A vida só continua sua existência
Devido a morte, controlada pelo tempo
Os sentimentos só possuem seu valor
Devido a este casal
O tempo e a morte
Sem eles
Na eternidade
Tudo perderia seu real valor

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Desespero

Como pétalas de rosas
Que compõe um conjunto perfeito
Ela veio até mim
Quão maravilhosa Ela é
Retribuiu-me temporariamente
Tudo que por Ela sinto
E então como num sonho que se desfaz
Ela me deixou, na companhia da Solidão
O Desespero instalou-se em minha mente
Sufocando meu coração inerente
O Sofrimento me persegue
E a sua prima, a Tristeza, insiste em me visitar
A Paixão, permanece viva
Sobrevive como brava guerreira que é
Como fogo etéreo que resiste
Contra as ventanias do Desespero
Uma batalha que esfacela meus sentimentos
As lágrimas percorrem minha face
Como córregos perenes
Dia após dia, hora após hora
Daria minha vida para contigo estar
A maldita Esperança me assombra
Todos os dias, fazendo-me criar
Tolas expectativas para o futuro
E até mesmo o Escuro
Tenta me consolar
Numa fútil tentativa de que
Eu ignore o Passado
Mas tudo que faço é um fracasso
E tive a tolice de sonhar
Que poderia te conquistar
Como eu gostaria de ao passado retornar
Para que eu pudesse novamente te abraçar
E as estrelas com Você observar
Perante a doce luz do luar

domingo, 26 de julho de 2009

Antropofagia I

Mordendo e rasgando
A perfumada pele humana
Arrebentando com as tradições
Alimento meu corpo
Com a carne de meus semelhantes
Digestão nefasta e adorada
Rompendo os tendões
Que sustentam os seres
Que compõe o esqueleto da sociedade
Originada de embrião deformado
Considerada perfeita e normal
Nada muito usual
Estrutura abortada
Que não sustenta a si mesma
Fadada a morrer
Da natureza originada
Placenta pútrida e ensangüentada
Envolve e sufoca
A criança originada
Que denominada foi
De Sociedade
Devorem a sociedade estagnada
Permitam que ela rume ao Nada

sábado, 25 de julho de 2009

Tormentas

Venham a mim as tormentas
Passarei por sobre elas
Como uma ave que voa
Sobre sua presa
Levemente oscilante em seu trajeto
Previamente traçado nos céus
Pois após as tempestades
O sol voltará a brilhar
Das águas violentas
Que foram despejadas das alturas
A vida brotará
Usando o passado como substrato
Tempos passados serão o adubo
Da vida que irá surgir
Desenvolver-se-á, para então frutificar
Algum dia morrerá
Mas não sem antes suas sementes deixar

A Sabedoria

O fogo devorador da matéria
Libera a energia e transforma
Descontrolado é devorador insaciável
O fogo da sabedoria
Queima dentro de todos nós
Libertai-o para que se torne
Devorador insaciável
Carbonizando a si mesmo
Para então renascer das cinzas
Como árvore que cresce em local de tormentas
Forte e vigorosa ela se torna
Originada do caos
Do fogo da ciência brilha a luz do saber
Espanta a escuridão dogmática
Revela-nos o mundo como ele é
Belo e intocado, deveras agradável
Para seguir tal caminho
Muitas árvores caem
Muitas chamas se apagam
Mas nunca em vão
Todos deram de seu sangue
Valorosos antepassados

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Por Ethernyt!

Vejo o planeta distante
Vagando pelo cosmos
Meu lar não é como antes
Isolado e abandonado fiquei
Entre anjos sanguinários
E demônios mercenários
Pela glória eu lutei
Tanto sangue derramei
Meu lar já não vejo
Observo o firmamento
Buscando lembranças
Misturadas entre estrelas no céu
Como neve sobre obscuro véu
Algum dia encontrarei a esperança
Esta há de vir dos céus
Para que ao lar eu retorne
Com tanto que não demore
Pois as asas já estão gastas
E meu tempo foge para terras vastas
Tantas vitórias adquiridas
Tantas vidas destruídas

Inspirado no livro “Ethernyt: a guerra dos anjos”
do grande mestre Márson Alquati

Poeira Cósmica

A natureza da qual nos originamos
Formados pelos átomos que a compõe
Estes permanecem eternamente vivos
Sempre transfigurando-se
Indo de um ser vivente para outro
Da matéria viva para não-viva
Poeira cósmica que nos compõe
Aglomerado molecular
Selecionado pelo todo
Para então finalmente pensar
Como um átomo que vagueia
Pelo universo quase infinito
Assim eu prossigo
Deslocando-me para enfim te encontrar
Num encontro em que estrelas reluzem
Aquecendo-nos para contigo estar

Agonia

Mágoa, agonia, aflição
Desgraça sem graça
A maior maldição
Voo como uma traça
Tomado de indignação
Desgraça sem graça
Deixado na solidão
Enorme maldição

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ampulheta

Como numa ampulheta
A areia que escorre demarca o tempo
Assim é com todo ser vivente
Todos são uma ampulheta
Que dentro de si
Corre, percorre e escorre
A areia da vida
A areia do saber
Nunca estagnada
Sempre oscilante
Deslocando de um lado para o outro
Necessitamos sempre girá-la
E modificá-la
Para que assim possamos usá-la
Continuamente
Girando e regirando pela vida
A cada ciclo que termina e inicia

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sofrimento Alheio

Amargo sofrimento alheio para o qual escrevo
Quem lê minhas palavras?
Se durante dias inteiros escrevo
E nenhuma resposta recebo
Continuo e continuo
O corte é profundo
Palavras são sangue
Que brotam, vertem e escorrem
Espalho por todos os lados
O sangue palavreado que de mim escapa
E o frio que sinto é o frio da dor?
A maldita companhia de não ter companhia
Irradiante dor que crava seus dedos
No âmago do ferimento
Rompe-o e arrebenta-o
Fazendo os pensamentos obscurecerem
E o sangue palavreado jorrar como cascata
Em mais um dia que amanhece
Observo o que há atrás de mim
É o rastro de palavras
Demarca meu caminho